sábado, 18 de fevereiro de 2012

Moneyball: O Homem que mudou o Jogo

Com Pitt em grande forma, longa vai além do entretenimento para os fãs de Beisebol

Adaptação do livro Moneyball - The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis, O Homem que mudou o Jogo chega aos cinemas nessa semana prometendo agradar não só aos fãs de Beisebol, que no Brasil ainda são raros, mas também aos apreciadores de esportes em geral. Narrando os bastidores do desigual mundo dos negócios na modalidade, o longa dirigido por Bennet Miller (Capote) aposta num roteiro vibrante e nas grandes atuações de seu elenco para aproximar o espectador ao mais tradicional esporte norte-americano.

Com roteiro assinado pela dupla Steven Zaillian e Aaron Sorkin, Moneyball narra a história de Billy Beane (Brad Pitt) um promissor jogador de Beisebol que, após frustrada carreira, resolve se transformar em Manager do seu último time, o Oakland Athletics. Com pouco orçamento e vendo a investida dos grandes times aos seus principais jogadores, Beane decide mudar o jogo, buscando no jovem Peter Brand (Jonah Hill) uma fórmula para combinar diminuição de custos a bons resultados. Apostando em estatísticas e na matemática, a dupla tenta programar um novo estilo de negociação, o que acaba interferindo diretamente nos interesses da indústria do beisebol. Lutando contra tudo e contra todos, a dupla precisa provar que esse é o futuro do esporte, mesmo que para isso, paguem com os seus empregos.

Narrando com intensidade e certa cadência os bastidores do beisebol, a trama assinada por Steven Zaillian e Aaron Sorkin consegue fugir da esfera esportiva, dando destaque às relações humanas por trás dos negócios na modalidade. Deixando o esporte em segundo plano, o roteiro apresenta uma ótima adaptação da obra literária, transformando um assunto teoricamente chato e complexo, em um filme envolvente. Apesar dos jogadores serem tratados como números durante quase todo o filme - o que sem dúvidas cansa em alguns momentos - é interessante ver como a trama reserva um espaço para eles, principalmente, na relação com o personagem de Beane. Além disso, o roteiro abre espaços para eficientes sub-tramas, que trazem um significativo acréscimo de ritmo ao filme. Entre elas, por exemplo, a relação de Beane com sua filha e também o passado dele como jogador, que em bem utilizados flashbacks acabam explicando as atitudes do seu personagem durante o andamento da trama.

Mesmo com esta trama original, O Homem que mudou o Jogo só se transforma num filme acima da média graças a grande atuação de seu elenco. Conduzido de forma delicada pelo diretor Benett Miller, o time de atores apresenta atuações destacadas, a começar pelo próprio astro Brad Pitt. Encarando com frieza um personagem extremamente vibrante, fica nítida a entrega de Pitt na construção do seu Billy Beane. Com um desempenho contido e emocionante, Pitt interpreta com primor o personagem do ex-atleta, que em virtude das consequências da vida deixou de enxergar o esporte com olhares românticos. Apesar da intensa atuação de Pitt, a grande surpresa de Moneyball fica para o jovem Jonah Hill. Ator consagrado por filmes de comédia, como Superbad e O Pior trabalho do Mundo, Hill faz com brilhantismo a transição para o drama, tendo a melhor interpretação de sua carreira. Sem se intimidar com o talento de Pitt, Hill mostra química com o astro e acaba roubando a cena em muitos momentos do filme. Vale destacar ainda a ótima atuação de Phillip Seymour Hoffman, que trabalhou com Miller em Capote, e a qualidade do elenco de apoio, colaborando para essa atmosfera mais humana que o filme passa ao espectador.

Ainda que o ritmo de O Homem que Mudou o Jogo seja lento em alguns momentos, e que o beisebol não tenha ainda grande significado para o público brasileiro, o grande mérito de Moneyball é o de conseguir ser emocionante graças ao sentimento com que aborda a frieza dos bastidores no esporte.

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